quarta-feira, 11 de março de 2009

Eu só queria saber onde isso vai parar


Quando eu era pequena eu vi uma mulher grávida e pensei: "nossa como será que ela consegue dormir?" . Por que na minha cabeça não há outra forma de dormir a não ser de bruços. Aí quando minha mãe ficou grávida do meu irmão eu entendi, via o quanto era incômodo para ela, mas eu via também nos olhos dela que, ela tinha força e conseguiria. Tínhamos uma vida boa e ao meu ver ... sensacional. Mesmo assim aquela situação de mais uma criança em casa assustava e alegrava todos. Inclusive eu que sonhava todas as noites em ter um irmãozinho. Minha mãe tinha 32 anos. Comida, fralda, noites acordadas, cuidados extras, mas lembro que tinha um monte de gente querendo ajudar (inclusive eu que em pleno julho inventei de dar banho no mano e quase matei ele de frio). Mas foi uma notícia contrária a toda essa felicidade que senti há uns 16 anos atrás, que li hoje de manhã que me fez recordar da minha alegria com a chegada do mano.


Por que eu li sim, eu tive o desprazer de ler, que uma menina de 11 anos está com a cirurgia marcada para uma cesariana em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul. Ela manteve 3 relações com o seu padrasto, segundo ele por que ela mesmo queria, ela que pediu. Meu estômago embrulhou e me deu vontade de chorar. Não será nem de longe , ela tão felize quanto minha família foi e é e tantas outras são. Não saberão elas que um filho pode trazer alegrias, por que elas não saberão entender essa situação. NUNCA.


Quanto a menina de nove anos que também foi estuprada pelo padrasto, me alivia saber que ela abortou. A de onze e outras tantas me dói e me preocupa ainda mais, saber que ela terá essa criança, por que quando ela crescer, ela vai escutar por aí que os filhos devem ser feitos e criados com amor e aí ela vai perguntar para sua mãe. "Quem é meu pai, ele me ama?. Eu tenho dó dessa mãe que terá que responder essa pergunta e tenho mais dó ainda, por ela ter que olhar para aquela criança, todos os dias, e lembrar a forma como ela foi feita.


E penso aí que uma menina de 9 ou 11 anos não tem e, nunca terá noção, do que significa uma maternidade. Por que ela ainda olha assustada para as mulheres grávidas nas ruas. Por que ela passa em frente de uma loja de brinquedos e deseja aquilo pra ela e não para a filha dela. E onde vai parar a infância, os brinquedos ... era isso que eu queria saber.


Em tempo .... Ao padre que excomungou os cúmplices do aborto da menina de nove anos, eu só tenho a parabenizar, por livrar essas pessoas também de serem cúmplices desse pensamento ignorante, mesquinho, individualista, ultrapassado e por hora católico. Eu não costumo, mas agora sinto vergonha de viver nesse mundinho, queria outro construído com verdades e não com essas fantasias de um livro manipulador de cérebros. Pior é ter que ouvir que o estupro é melhor que o aborto, melhor ouvir isso que ser surda. Amém.

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